segunda-feira, 19 de maio de 2014

Doutor em Educação fala da importância de se trabalhar o tema morte nas escolas públicas já no fundamental menor



Mesmo parecendo um tema macabro, a morte deve ser trabalhado em de aula e desde as crianças do Ensino Fundamental menor (1º ao 5). Isto foi o que defendeu o doutor em educação pela UFRN, João Bosco, em palestra proferida no 2º Encontro de Professores de Ensino Religioso da rede municipal de Natal e do estado do RN. O encontro aconteceu na manhã de hoje(19) no auditório do ITEPAN, na Ribeira e também contou com a presença de alunos de Filosofia das Religiões, cadeira que o mestre leciona na UERN.
Na oportunidade, João Bosco falou que parece paradoxo, mas falar de morte é falar de vida, de ética, cidadania e relações pessoais. O fato é que, como mostra o filósofo francês Edgar Morin, o tempo histórico contemporâneo vem se construído todo um discurso negativo em relação a morte, um fato que é notório e inevitável na vida humana.
Mas, vivemos num mundo de valorização do novo, do belo, do corpo esbelto. O mais crítico deste modelo que se instalou é que a morte foi antecipada, ensinou o doutor em Educação. Desta forma, as pessoas ao atingirem a maturidade querem viver eternamente a adolescência e assim antecipam a sua morte.Isto porque já se morre na adolescência, em vista que a vida se resuma a beleza física.
O palestrante mostrou que a "boa morte" deve ser antecipada por uma preparação familiar e de amigos, Ou seja, de que o moribundo deve contar com a presença daquelas pessoas que realmente vão guardar a sua memória. Mas, o modelo atual matou a memória do morto. Ele até brincou, "o luto é feito via curtição no facebook". Geralmente, o enfermo é jogado no hospital, ausentes dos familiares e amigos e ao receber o atestado de óbito é transportado para um velório que fica ao lado do cemitério e em seguida sepultado. Quase ninguém vive mais o luto, até porque a memória do falecido já havia sido sepultada há muito tempo.
Com formação no campo da psicanálise, João Bosco explicou que a morte está ligada a perda, E toda perda um luto. Assim, o tema morte não é exclusivamente da morte física humana, Mas pode ser existencial também. Um namorado, um marido, um emprego, a transferência de um lugar para outro, Estes acontecimentos remetem ao sentimento de perda e luto. A pessoa que sofreu tais perdas deve passar por um período de luta, para em seguida reconstruir sua nova vida.
O fato é que a primeira vista, o tema "Morte" parece assustador e muitos querem distância. Mas, se for aberto um diálogo para reflexão ele se torna interessante. Pena que as escolas ainda não estejam preparadas para um tema tão fascinante, que no fundo vai desaguar em "vida plena". João Bosco encerrou a palestra fazendo a seguinte reflexão. "Vejam que a experiência de pessoas que viveram o "quase morte", ao saírem do coma, relatam que não sentem mais interesses em riquezas ou outros valores materiais, Mas, o que eles desejam é viver bem e intensamente com amigos, familiares, amando e ajudando ao semelhante.