terça-feira, 28 de maio de 2013

Jacqueline Brazil teve os braços deslocados pelo pai, foi expulso da igreja e assumiu sua sexualidade

A ignorância é o maior mal do mundo
Esta matéria tem origem  no Jornal de Hoje --Natal/RN

Como posso defender que a religião prega a paz e o amor. Por isto meu dogma é o científico, pois tem como dogma não ter dogma. Quem se prende em algo absoluto e final para no tempo. A citação é do blogueiro, não está na matéria original.

A igreja evangélica estava lotada, naquele domingo comum de mormaço e orações, para ver o pastor mais querido. O fervor das preces teatrais, com falas e gestos efusivos amortizando o sofrimento individual, prorrogava o ponto alto da noite. Poucos sabiam o que aconteceria minutos adiante.
Mas o suor na testa e a camisa molhada, que já apresentava dois tons, eram sinais de que o mestre da cerimônia estava na iminência de executar o plano que transformaria o culto em algo inesquecível. Pelo menos para um dos presentes, que ouviu o pedido de silêncio geral e a convocação para subir ao púlpito com desconfiança.
O convite surpreendeu Jackson Silva de Oliveira. “Agora peço aos irmãos que nos deem às costas, que olhem para a saída”, orientou a voz soberana. Ele recebera um bilhete anônimo que acusava o jovem de 15 anos de ser um degenerado por intercambiar manifestações carnais com gente do mesmo sexo em salas e corredores da sede da congregação. A expulsão sumária foi concretizada com a revelação da história para todos os presentes. “Minha mãe não parou de chorar um minuto”, diria o maldito, anos depois.
Humilhado e sem entender o episódio que nem a natureza, nem Freud explicam, Jackson ganhou o mundo. “Eu era virgem e entendia que ali era o lugar onde se pregava o amor. Não sabia o que era paixão e tesão, como estavam dizendo. Na verdade, eu era muito temente a Deus”. O pai, que já deslocara os dois braços do filho, quando este tinha cinco anos e já apresentava trejeitos afeminados, ampliou a penitência ao vetá-lo em casa. “Fui morar na rua”. Precisamente no centro de João Pessoa/PB, onde seria abordado por um homem mais velho, que assumiu o lado paternal em sua criação. “Ele foi um anjo para mim. Me deu casa, comida e educação”. Nessa época, relações com mulheres foram testadas e entrar para a Marinha virou uma opção interessante. “Íamos a prostíbulos com frequência. Foi ali naquele meio que eu descobri minha homossexualidade”. E o primeiro amor, que não foi uma cafetina ou uma meretriz, mas um colega de farra que correspondeu àquela volúpia, no começo dos anos 1980.
Dez anos depois, um acidente de trabalho (detalhes omitidos) forçaria uma reserva prematura. As sequelas auditivas acabaram com o sonho de chegar a oficial. Com 27 anos de idade, ele estava aposentado e livre para sofrer uma metamorfose ensaiada em sua mente. “Eu me sentia homossexual, mas só quando fui morar no Rio é que me descobri travesti”. A vitória em um concurso de beleza gay, em 1994, foi o estopim para a transformação. “Quando me vi arrumada feito mulher, senti que era aquilo que queria para minha vida”. Longe da opressão familiar (o pai dizia que preferia ter um filho marginal) e do conservadorismo nordestino, Jackson virou Jacqueline Brazil, persona popular entre militantes pró-minorias em Natal, para onde voltou, em 2000, enfim órfão de pai e mãe. No currículo, uma faculdade de Psicologia inconclusa e a patente de 3º sargento reformado. Com essas credenciais, ela recebeu a reportagem d’O Jornal de Hoje em sua casa, um apartamento de três quartos no terceiro andar de uma galeria comercial na Cidade Alta, dividido com uma sobrinha adulta quase filha. “Ela mora comigo desde que nasceu”.
Nascida em Campo Grande, município do Oeste Potiguar conhecido até 1991 como Augusto Severo, Jacqueline Brazil exige ser tratada pelo interlocutor na 3ª pessoa do pronome pessoal do caso reto (ela). “É um direito que conquistamos, de sermos tratados como gênero feminino”.
A presidente da Associação de Travestis Reencontrando a Vida (Atrevida) defende causas como a efetividade do nome social nos órgãos públicos, a realização da revista policial feita por agentes mulheres, o direito de utilizar banheiro feminino em todos os lugares, bem como capacitação para o mercado de trabalho. “Uma travesti não tem como se esconder, como os gays e lésbicas. Tá na cara a condição dela. Por isso, desde cedo elas sofrem preconceito, o que quase sempre faz com que elas abandonem os estudos para viver de prostituição ou subempregos” – segundo dados levantados pela própria Atrevida, cerca de 70% das travestis e transexuais norte-riograndenses são analfabetas. Ela garante nunca ter feito programa e ser respeitada por vizinhos. “Nunca usei short curto, nem fui de fazer farra na minha casa. Sempre tive relacionamentos sérios, como agora que estou há cinco anos com a mesma pessoa”.
Simples afazeres para um heterossexual viram tormentos para uma travesti. Fazer compras, usar banheiro ou hospital público requer uma paciência constrangedora. “Não temos uma vida plena. Vivemos de subterfúgios. Não queremos o terceiro banheiro, como propôs a UFRN. Isso criaria um novo gueto. Queremos poder usar o banheiro feminino, pois é como nos sentimos. A mulher é muito mais aberta para os travestis. Ao contrário dos homens. Entrar no banheiro masculino é até perigoso. Sempre alguém assedia de forma grosseira, sem respeito algum. Nos hospitais, a mesma coisa. Temos que ser atendidas por mulheres”.
À base de antidepressivos, Jacqueline se recupera de um Acidente Vascular Cerebral ocorrido dois anos atrás, durante o tratamento de um câncer no estômago que deformou o olho direito, parte da boca e deixou uma série de limitações. “Nunca me envolvi com drogas, mas gosto de tomar minha cerveja e fumar um cigarrinho. Só que hoje faço isso com moderação”. Pensamentos suicidas alimentam perguntas sobre a dor incessante. “Me tranco no quarto e pergunto o que eu fiz para merecer isso”.
O medo da violência é um dos pilares do trabalho à frente da Atrevida. Casos de agressão e morte que envolve travestis são corriqueiros – segundo Jacqueline, foram sete assassinatos, em 2012. “É um crime de ódio que vamos debater no 2º Encontro de Travestis e Transexuais [do Estado]“. Marcado para acontecer entre os dias 06 e 08 de junho, no Praiamar Hotel, o evento pretende dialogar com a sociedade que isola os desiguais. “É fácil alguém na rua jogar fezes, urina, pedras ou xingar uma travesti. Por isso, quando tem casos como esse [travestis acusados de roubar e esfaquear supostos clientes em Ponta Negra] sinto como se tivesse perdido 12 anos de trabalho. Não compactuamos com isso, que só aumenta o estigma, o preconceito contra a gente. As pessoas precisam nos respeitar. Podem até não gostar, mas têm que me aceitar como ser humano”. Outra bandeira que agita é da campanha pelo Disque 100, número que acata denúncias de violência contra a população LGBTT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros).
Uma rosa tatuada em sua mão esquerda relembra os tempos de Marinha. Tempos em que viagens pela Venezuela, Argentina, Suíça, Senegal e África do Sul contribuíram para a formação de um capital intelectual diferenciado. “Devo muito à Marinha, não só por viver com a aposentadoria que ela me paga, mas por sempre ter me tratado com respeito”. O sotaque indecifrável, misto de carioca com sertanejo, revela andanças em busca de um porto seguro. “Não é mole viver deprimida, com todo mundo olhando esquisito e lhe recriminando. As pessoas matam nosso sentimento com esse comportamento. Não adianta eu ser íntegra, honesta e respeitosa com todos. A condição de minoria nos joga na marginalidade. Avançamos nas leis, mas o olhar pouco mudou. Acredito que Deus tem um propósito em nossa vida. Deixo na mão dele para que me dê forças de aguentar tanto sofrimento. Antes de morrer, quero ver travestis serem respeitadas como cidadãs. Essa será minha luta até o fim”.

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Carta enviada a editoria da Revista Nova Escola sobre o Ensino Religioso

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Sou professor de Ensino Religioso na rede municipal de ensino de Natal/RN. O que tenho observado é a existência da falta de conhecimento quanto aos pressupostos desta disciplina. Nós trabalhamos o fenômeno religioso, tentando compreender como a humanidade ao longo da história construiu o pensamento religioso. O objetivo é criar um ambiente propício ao conhecimento da religião do outro, e assim, desta forma contribuir para o diálogo inter- religioso. Somente assim, cada educando será capaz de respeitar as diversas formas de pensamento e assim evitar confrontos provocados pelo radicalismo provocado por uma fé cega. Também o conhecimento de que existem pessoas que não professam fé alguma, a não ser na ciência, ou não, mas que é um direito de cada cidadão. Dentro destes princípios se terá realmente uma ética em seu sentido amplo, uma justiça que seja plural, não etnocêntrica. Ou seja, de parcialidade.
Caso contrário teremos uma nação igual a que temos hoje. Onde cada instituição luta pela justiça segundo sua visão. Veja o confronto entre evangélicos e católicos, ou o massacre as religiões afrodescendentes. Cada instituição investindo forte. As intituições investem na política para se ter uma bancada que defenda seus interesses e extermine o outro. Ou avanços na ciência, e na forma de enfrentar o mundo, estão sendo totalmente distorcidos., por lider de cada instituição segundo seus interesses.
Como ilustração lembro de como é tratado a questão do aborto, da homossexualidade, células troncos, enfim, estas questões acirram na polêmica porque elas recebem um peso ideológico muito forte de determinadas instituições. Não são temas tratados com imparcialidade, mas carregados de parcialidade que findam distorcendo como vem sendo proposto e seu objetivo.
Observe a briga entre católicos e evangélicos. Os dois são cristãos e se confrontam em torno de uma única coisa, como cada grupo teológico trata seus mitos. Ao se ter uma aula de Ensino Religioso, vai observar que tudo não passa de fechamento institucional no sentido de criar sua identidade e excluir o outro. Ou seja, a de que um texto não fala por si só, mas sim, ele é interpretado sob a ótica do outro. Na religião este outro é a instituição que cria seu corpo teológico para codificar respostas que falem a língua institucional.
Outro exemplo prático vivencio no meu bairro. Próximo a minha casa existem duas igrejas, uma Assembléia de Deus e outra Católica. As duas situam-se na mesma rua e uma está de frente para outra.
A Assembleia de Deus vinha crescendo, inclusive construindo um belo templo. Os católicos se reuniam nas casas. Porém, do final do ano para este, conseguiram construir um grande templo. A Assembleia de Deus sentido ameaçada, começou seu ataque. Ontem (19/05) foram colocadas potentes caixas de som para fora da igreja, e a voz dos pregadores ecoavam fortemente em todo o bairro. A pregação f.oi toda para destruir o mito de Maria. Ou seja, o objetivo era apenas agredir o outro. E eu, em casa, alheio ao confronto, apenas refletia sobre o caso.
O Ensino Religioso busca amenizar este conflito, ao mostrar que são duas formas de tratarem o mesmo assunto, E que cada credo religioso foram construídos em dois tempos históricos. O católico no domínio europeu do mundo. Já o evangélico, aconteceu depois da Segunda Guerra Mundial, quando os Estados Unidos saíram economicamente fortes. A cada tempo histórico, determinada instituição construiu um corpo teológico para justificar seus mitos. Porém, como cada ser humano guarda em si laços culturais e afetivos, eles findam em aproximar cada indivíduo de cada um destes credos.

Matéria da Nova Escola divide a discussão com o sagrado e o profano na formação do Ensino Religioso

Os professores da Ensino Religioso da rede municipal de Natal estiveram reunidos na manhã de hoje no auditório do Instituto Pastoral de Natal (Itempan). O evento foi o terceiro encontro do ano, da formação continuada, e mesmo tendo como pauta o sagrado e o profano no romance de José de Alencar, uma reportagem na revista Nova Escola, da editora Abril chamou a atenção dos participantes.
Na matéria, a revista advoga pelo final da disciplina  em vista de que o Estado é laico e não pode ser confessional. Ora, isto mostra o total desconhecimento da revista, em vista de que realmente a proposta de Ensino Religioso é de que a disciplina deve respeitar a pluralidade cultural que forma o quadro religioso brasileiro. Também a revista erra por desconhecer que artigo que fala sobre o Ensino Religioso com a participação facultativa foi abolido a partir da Lei que inclui o ER como disciplina curricular, inclusive com professores pagos pelo Estado. Ou seja, Ensino Religioso é uma disciplina complementar igual a Artes, Educação Física e Inglês, com carga horária a partir das séries iniciais.
O mais intrigante em tudo, é que anteriormente um professor de Natal entrou em contato com a revista presentando artigos e  proposta de planejamento.  A resposta da editoria da Revista é de que o ER é uma disciplina específica em prática em algum Estado, portanto não sendo interessante para a Revista. Ou seja, a Nova Escola trabalha numa concepção de lucro capitalista e assim não seria economicamente viável.
Sobre a Nova Escola, conversando com um proprietário de banca de revista de Natal, ele fazia o seguinte comentário. "omo é que uma revista como a Nova Escola diz não ter interesse financeiro, e é vendido a estre preço", argumentava o jornaleiro.
 O SAGRADO E O PROFANO - O sagrado no ritual da Jurema, fundamentado no livro Iracema de José de Alencar foi o tema do encontro. O trabalho foi apresentando pela professora do Estado, Maria de Fátima Araújo. Especialista em Ciência da Religião, Fátima realizou um trabalho com alunos do 9º Ano  na escola em que ela leciona. A proposta era que os educando encontrassem elementos sagrados na obra de José de Alencar, no texto onde versa sobre a cultura indígena do Nordeste brasileiro, mais precisamente no ritual da Jurema.  Esta é uma manifestação religiosa característica do índios nordestino e que seu ritual gira em torno de uma árvore sagrada para os índios, a Jurema.
Aantes, porém, foram vistos três reportagem do programa o Sagrado, da TV Globo. Nele, a televisão faz entrevistas com alunos, professores e pais de alunos sobre o Ensino Religioso nas escolas públicas.
Também foram discutidos a postura da  Secretaria Municipal de Educação quanto ao trato com a disciplina. A Secretaria usa a disciplina como tapa buraco, em vista de que professores de disciplinas como História, Filosofia, Sociologia, Artes e até português são colocados para nomear aulas de ER. Geralmente estes professores são apenas para taparem buracos, comentou uma professora.

quarta-feira, 8 de maio de 2013

A origem das riquezas economica e cultural da Europa

A justiça na visão da Europa exploradora
Depois de ler o texto, ou antes também, observe atentamente a pintura ao lado. Negro sendo açoitado por outro, visto por outros patrícios. No mesmo quadro, capataz, ou senhor bem vestido, com as mãos no bolso, e sua senhora com filhinho nos braços, é servido por uma escrava negra.
Ainda, outros negros e negras, vêem a cena angustiados.
Os brancos desta época eram fiéis seguidores do cristianismo católico. Homens piedosos, imaginem, qualificados como pessoas dignas de muito amor, onde, não tenham dúvidas acreditavam que estavam seguindo os conselhos de Jesus Cristo, e que todos chegariam aos céus e iriam morar ao lado do Filho de Deus, na cidade celestial.
Os negros, estes, na visão deles, nem céu, nem inferno, eles eram "bichos", animais irracionais. Igual a um jumento, a úncia serventia era ser usado no trabalho pesado a serviço do bom homem branco que o sustentava os alimentava com alguns pratos de comidas. Aliás, como sou do Seridó do RN, o bom agricultor também alimenta bem o seu jumento para usá-lo na carpinadeira, carregar água, pedras, etc. Mas, se ele acuar, o seu "proprietário" o açoita com cipós para que ele volte a trabalhar.
Tudo isto, apesar de muito  estranho para nós nos dias atuais naquele tempo  era muito natural. Muito legítimo. Porém, por trás de tudo isto estava o poder de dominação e exploração de um povo sobre o outro. Era o homem branco europeu que dominava os negros e os nativos das Américas.
Do trabalho escravo deste povo se extraiu muita riqueza. Se construiu a bela Europa, coma Paris, a cidade das Luzes, a beleza nas obras de artes das grandes catedrais européias. Enfim, a rica e cultural Europa, berço mundial da civilização, onde, muito de nós a louvamos, a temos como exemplo de sabedoria e de justiça, de glória!
As vezes enchemos nossos peitos e falamos. "O Brasil é um país atrasado. Vejam o exemplo da Inglatera, da França, da Espanha", pobre de nós que não lemos o suficiente para saber de onde vem as riquezas.