segunda-feira, 20 de maio de 2013

Carta enviada a editoria da Revista Nova Escola sobre o Ensino Religioso

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Sou professor de Ensino Religioso na rede municipal de ensino de Natal/RN. O que tenho observado é a existência da falta de conhecimento quanto aos pressupostos desta disciplina. Nós trabalhamos o fenômeno religioso, tentando compreender como a humanidade ao longo da história construiu o pensamento religioso. O objetivo é criar um ambiente propício ao conhecimento da religião do outro, e assim, desta forma contribuir para o diálogo inter- religioso. Somente assim, cada educando será capaz de respeitar as diversas formas de pensamento e assim evitar confrontos provocados pelo radicalismo provocado por uma fé cega. Também o conhecimento de que existem pessoas que não professam fé alguma, a não ser na ciência, ou não, mas que é um direito de cada cidadão. Dentro destes princípios se terá realmente uma ética em seu sentido amplo, uma justiça que seja plural, não etnocêntrica. Ou seja, de parcialidade.
Caso contrário teremos uma nação igual a que temos hoje. Onde cada instituição luta pela justiça segundo sua visão. Veja o confronto entre evangélicos e católicos, ou o massacre as religiões afrodescendentes. Cada instituição investindo forte. As intituições investem na política para se ter uma bancada que defenda seus interesses e extermine o outro. Ou avanços na ciência, e na forma de enfrentar o mundo, estão sendo totalmente distorcidos., por lider de cada instituição segundo seus interesses.
Como ilustração lembro de como é tratado a questão do aborto, da homossexualidade, células troncos, enfim, estas questões acirram na polêmica porque elas recebem um peso ideológico muito forte de determinadas instituições. Não são temas tratados com imparcialidade, mas carregados de parcialidade que findam distorcendo como vem sendo proposto e seu objetivo.
Observe a briga entre católicos e evangélicos. Os dois são cristãos e se confrontam em torno de uma única coisa, como cada grupo teológico trata seus mitos. Ao se ter uma aula de Ensino Religioso, vai observar que tudo não passa de fechamento institucional no sentido de criar sua identidade e excluir o outro. Ou seja, a de que um texto não fala por si só, mas sim, ele é interpretado sob a ótica do outro. Na religião este outro é a instituição que cria seu corpo teológico para codificar respostas que falem a língua institucional.
Outro exemplo prático vivencio no meu bairro. Próximo a minha casa existem duas igrejas, uma Assembléia de Deus e outra Católica. As duas situam-se na mesma rua e uma está de frente para outra.
A Assembleia de Deus vinha crescendo, inclusive construindo um belo templo. Os católicos se reuniam nas casas. Porém, do final do ano para este, conseguiram construir um grande templo. A Assembleia de Deus sentido ameaçada, começou seu ataque. Ontem (19/05) foram colocadas potentes caixas de som para fora da igreja, e a voz dos pregadores ecoavam fortemente em todo o bairro. A pregação f.oi toda para destruir o mito de Maria. Ou seja, o objetivo era apenas agredir o outro. E eu, em casa, alheio ao confronto, apenas refletia sobre o caso.
O Ensino Religioso busca amenizar este conflito, ao mostrar que são duas formas de tratarem o mesmo assunto, E que cada credo religioso foram construídos em dois tempos históricos. O católico no domínio europeu do mundo. Já o evangélico, aconteceu depois da Segunda Guerra Mundial, quando os Estados Unidos saíram economicamente fortes. A cada tempo histórico, determinada instituição construiu um corpo teológico para justificar seus mitos. Porém, como cada ser humano guarda em si laços culturais e afetivos, eles findam em aproximar cada indivíduo de cada um destes credos.

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