A camarada Justina Iva bateu o martelo e deu
como fato consumado de que não existe dinheiro para pagar reajuste e promoções
dos professores da Rede Municipal de Ensino. Os motivos são os mesmos da
ex-prefeita, Micarla de Sousa, a de que não existe dinheiro. E, caso se tente
fazer um rearranjo cairá na camisa de força da Lei de Responsabilidade Fiscal
e, consequentemente no crime de improbidade administrativa.
Isto foi o que ela falou na reunião com os
diretores que vem acontecendo nas quartas-feiras, e assim será transformada em
reunião ordinária. Na mesma reunião a secretária anunciou uma série de ganhos
para a educação. Construções de 14 CEMEIs, climatização de todas as salas de
aulas das escolas e quadros digitais. A Secretária garantiu que são recursos
federias e estão garantidos.
Agora eu pergunto. Quando teremos reajustes
salariais? Quando aparecerão estes recursos? No próximo ano, que é de Copa do
Mundo. Aliás, o mesmo dinheiro que falta para melhoria salarial ao pagamento dos
servidores públicos não faltou para as construções de elefantes brancos tipo o
Arena das Dunas. Ninguém se atreveu a protestar que o dinheiro gasto com este
elefante branco seria bem mais aplicado em outros setores da sociedade. Afinal
são impostos pagos por cada um de nós, que contribuímos comprando pão, açúcar,
arroz e café.
Mas, se os homens públicos não fizeram nada,
qual seria a nossa posição? Deveríamos ter feito alguma coisa. Também não
fazemos. O fato é que nós esperamos por uma força paternal que nos proteja.
Delegamos poderes. Ao vereador, ao prefeito, aos promotores, aos juízes. Nosso
compromisso se resume a votar. A falsa democracia.
Nós esquecemos que num grupo social existe
correlação de forças. Nela, vence quem for mais forte e mais organizado. Os
trabalhadores, sem dinheiro, se organizam em sindicatos. Eles são o único canal
de luta. Empresários e industriais se organizam em federações, associações e
confrarias. Com dinheiro, eles não precisam ir ao corpo a corpo na rua. Pagam
páginas em revistas, jornais, anunciam em rádio, televisão. Compram “capachos”,
dão doações às instituições de caridades, igrejas, entre outras ONGs. Prometem
crescimento profissional, etc. Quem recebe, sabe o que acontece? Fica com rabo
preso, silencia!
E agora, o que fazer diante deste quadro?
Lutar ou desanimar. A luta será desigual, difícil de ser vencida, mas é um foco
de resistência. É uma ameaça a ser observada por quem detém o poder.
Não
oferecer resistência, é escancarar as portas para que eles cresçam, se estruturem,
e se transforme numa espécie de rolo compressor. Digo isto porque vivi na
prática o sentido disto. Morei no interior do Estado e minha mãe era
professora. O cacife político de lá fazia com minha mãe e com os outros
funcionários públicos o que queria. Naquele tempo eram os temíveis anos da
ditadura militar, que perderam força nos anos 70. Porém, agora, ressurge uma
nova, agora não militar, mas econômica e judiciária, Ou seja, os trabalhadores
se rendem aos salários miseráveis e as decisões judiciais, que são injustas aos
menos favorecidos. No ano passado, a Justiça deu causa em favor de Micarla, e
depois viram no que deu. Aliás, o que vai acontecer com Micarla? Se ela, e sua
equipe não foram incriminadas, tudo não passou de uma armação contra a mesma?
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